Reflexões de uma Leitora Cristã - Resenhas de Livros, Literatura, Teologia e Devoção
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Frases de Como amar pessoas difíceis

“Aprender a amar pessoas difíceis começa com o entendimento de que você (assim como eu) também é difícil de amar.”

“Se no fundo você sabe que não é amável e que a aceitação de Deus é completamente imerecida, então você terá uma atitude acolhedora em relação a outras pessoas não amáveis. Mas se você acredita ser uma pessoa essencialmente digna, que qualquer um seria privilegiado de conhecê-lo, então você não acolherá outras pessoas até que elas mudem e se tornem dignas… assim como você!”

“Agora, já que você é um cristão, ele o designou para estar em lugares onde pode ajudar a resgatar outros.” 

“Envolver-se pessoalmente com outras pessoas comumente não torna a vida mais fácil. Em vez disso, é quase sempre garantido que sua vida será mais difícil.” 

Livreto Como amar pessoas difíceis: Recebendo e compartilhando a misericórdia, de William P. Smith. Série Aconselhamento Vol. 14. Editora Fiel, 2018.

O Laço Secreto

Por C.S.Lewis:

ACHO que há épocas na vida em que podemos até não desejar o céu; mas muitas vezes me pergunto, admirado, se lá no fundo de nosso coração já desejamos algo diferente disso. Você já deve ter notado que os seus livros prediletos estão ligados uns aos outros por um laço secreto. Você sabe muito bem qual é essa qualidade comum que faz com que você os ame, embora não consiga expressá-la em palavras; mas a maioria dos seus amigos não consegue enxergar esse laço e geralmente se pergunta por que, quando você gosta disso, tem de gostar daquilo também. Voltando ao exemplo: você está parado diante de uma paisagem que parece incorporar o que você passou a vida toda procurando. Então você se volta para o amigo ao seu lado que parece estar vendo o que você viu. Acontece que já nas primeiras palavras um abismo se abre entre vocês. E então você se dá conta de que essa paisagem tem um significado totalmente diferente para ele; você percebe que ele defende uma visão alienada e que nem liga para o que você foi levado a ver. Mesmo no que diz respeito aos seus hobbies, já não houve uma atração secreta que os outros estranhassem ou nem conhecessem? Algo que não pode ser revelado, mas que está sempre na eminência de ser exposto, como o cheiro de madeira cortada dentro da oficina ou as batidas da água na lateral do barco?

LEWIS, C.S. Um ano com C.S.Lewis, Editora Ultimato, 2005, pg 131 (Leitura diária 21 de abril, da Obra O problema do Sofrimento)

A velha pergunta Por quê?

Por Elisabeth Elliot:

Do lado de cá do paraíso, não há satisfação intelectual para a velha pergunta: por quê? Porém, embora eu não tenha encontrado satisfação intelectual, encontrei paz. A resposta que lhe dou não é uma explicação, mas uma pessoa, Jesus Cristo, meu Senhor e meu Deus. […] Assim, tornamos à terrível verdade de que o sofrimento existe. E a questão permanece: Deus está prestando atenção? Se sim, por que não faz algo? Eu digo que sim, que ele fez, que ele está fazendo e que fará algo. O assunto só pode ser abordado pela cruz. Aquela velha e rude cruz tão desprezada pelo mundo. A pior de todas as coisas que já ocorreram na história humana torna-se a melhor de todas as coisas, pois ela me salvou. Ela salva o mundo. Desse modo, o amor de Deus, representado e demonstrado a nós ao entregar seu Filho Jesus para morrer na cruz, se encontra e se harmoniza com o sofrimento. Você percebe, esse é o ponto crucial da questão. E aquelas dentre vocês que estudaram latim talvez se lembrem de que a palavra “crucial” vem de crux, a palavra latina para cruz. É apenas na cruz que podemos começar a harmonizar essa aparente contradição entre sofrimento e amor. E nunca entenderemos o sofrimento, a menos que entendamos o amor de Deus.

Fonte: ELLIOT, Elisabeth. O sofrimento nunca é em vão. Editora Fiel, 2020, p. 27-29.

Só um pouquinho de mim, por favor!

Por C.S.Lewis:

DEUS não exige muito do nosso tempo, nem da nossa atenção. Ele não exige nem todo o nosso tempo nem toda a nossa atenção; é a nós mesmos que ele quer. Valem para nós as palavras de João Batista: “Importa que ele cresça e que eu diminua”. Deus será infinitamente misericordioso em relação às nossas repetidas falhas; mas não conheço nenhuma promessa de que ele aceitará uma negociação deliberada. Em última instância, ele não tem nada a nos oferecer a não ser a si mesmo; e Deus só pode nos dar isso na medida em que a nossa vontade autossuficiente se retrai, abrindo espaço para ele em nossa alma. Não tenhamos dúvida em relação a isso. Não restará nada “de nós mesmos” para vivermos, nenhuma vidinha “normal”. Não quero dizer que todos nós vamos necessariamente ser chamados para sermos mártires ou ascetas. Se acontecer, que aconteça. Para alguns (não sabemos quem), a vida cristã incluirá muito lazer e muitas ocupações naturalmente prazerosas. E isso será recebido diretamente das mãos de Deus. Para um cristão perfeito isto seria tão próprio de sua religião, do seu “serviço”, como as tarefas mais difíceis, e seus banquetes seriam tão cristãos quanto seus jejuns. O que não podemos admitir de forma alguma – e que deve existir somente como um inimigo não derrotado, mas ao qual se resiste diariamente – é a ideia de que tenhamos algo “só nosso” a conservar; alguma área de nossa vida que esteja fora da jogada e sobre a qual Deus não tenha nada a reivindicar. Deus exige tudo de nós, porque ele é amor e é próprio dele nos abençoar. No entanto, ele não pode nos abençoar enquanto não nos possuir por completo. Sempre que tentarmos reservar uma área de nossa vida como propriedade particular, estaremos reservando uma área onde impera a morte. Por isso é que ele exige, com todo amor, que nos entreguemos por inteiro. Sem chance de barganha.

LEWIS, C.S. Um ano com C.S.Lewis. Editora Ultimato, 2005, p. 46 (Leitura diária 02 de fevereiro, Peso de Glória)

Perdão versus desculpas

Por C.S.Lewis:

TENHO a impressão de que quando acho que estou pedindo que Deus me perdoe estou muitas vezes (a menos que eu cuide bastante) pedindo que ele faça algo muito diferente. Não estou pedindo que me perdoe, mas que me desculpe. Porém, existe uma enorme diferença entre perdoar e desculpar. Perdoar significa dizer: “Sim, é verdade que você cometeu tal coisa, mas eu aceito o seu pedido de perdão. Eu jamais o cobrarei de você, e tudo entre nós continuará sendo exatamente como antes”. Porém, quando desculpamos alguém, estamos dizendo: “Vejo que você não teve como evitá-lo ou não quis fazer isso, e não foi realmente culpa sua”. Se não houve culpa real, não há nada a desculpar. Nesse sentido, a desculpa e o perdão são quase opostos. É claro que, em dezenas de casos, seja entre Deus e o homem, seja entre uma pessoa e outra, as coisas muitas vezes se sobrepõem. Parte do que parecia ser pecado à primeira vista, revela-se como não sendo culpa de ninguém e é desculpado; o restinho que sobra é perdoado. […] Contudo, o que muitas vezes chamamos de “pedir perdão a Deus” não passa, na verdade, de pedir que ele aceite nossas desculpas. O que nos induz a esse erro é o fato de que normalmente existe certo arsenal de desculpas, ou seja, de “circunstâncias”. Ficamos tão ansiosos em apresentá-las diante de Deus (e de nós mesmos) que somos capazes de esquecer a coisa mais importante, isto é, o que restou: o montante que as desculpas não são capazes de cobrir, o restinho que é indesculpável, mas, graças a Deus, não imperdoável. Quando nos esquecemos disso, vamos embora achando que nos arrependemos e fomos perdoados, quando, na verdade, tudo o que fizemos foi dar satisfações a nós mesmos com as nossas próprias desculpas. É possível até que sejam desculpas esfarrapadas; ficamos facilmente satisfeitos com nós mesmos.

LEWIS. C.S. Um ano com C.S.Lewis, Editora Ultimato, 2005, página 271 (Leitura diária 29 de Agosto, “O peso da Glória”)

C.S.Lewis: Transformados

PARECE que está na hora de pegar emprestado outra parábola de George MacDonald. Imagine-se como uma casa. Deus entra em cena para fazer uma reforma nesta casa. No começo, talvez você até entenda o que ele está fazendo. Ele está concertando os ralos entupidos, as goteiras no teto e assim por diante; você sabia que esses serviços tinham mesmo de ser feitos e, por isso, não fica nada surpreso. Mas, no momento em que ele começa a martelar por toda a casa, de forma incrivelmente dolorosa, as coisas já não parecem mais fazer sentido. O que Deus está pretendendo afinal? A explicação é que ele está construindo um prédio bem diferente do que você tinha imaginado – jogando fora uma ala inteira aqui, colocando um novo andar ali, levantando torres, instalando jardins. Você imaginava que seria transformado num casebre; mas, na verdade, ele está construindo um palácio. E ele pretende vir morar nesse palácio. O mandamento sede perfeitos  não é um idealismo barato. Tampouco se trata de um mandamento para fazermos o impossível. Ele nos transformará em criaturas capazes de ouvir e obedecer aos seus mandamentos. Deus diz (na Bíblia) que somos “divinos” e ele fará suas palavras se cumprirem. Se nós, o deixarmos fazer isso – pois poderemos impedi-lo se preferirmos -, ele transformará as débeis e asquerosas pessoas que somos em criaturas divinas, deslumbrantes, radiantes, imortais com tanta energia, alegria, sabedoria e amor pulsando por todo o corpo, que não podemos sequer imaginar. [Seremos transformados] em espelhos claros e imaculados que refletem perfeitamente (embora, é claro, numa escala menor), o próprio poder limitado, o prazer e a bondade de Deus. O processo será longo e, em parte, bastante dolorido, mas é para isso que fomos criados. Para nada menos. O que Cristo disse é para valer!

LEWIS, C.S. Um ano com C.S.Lewis. Editora Ultimato, 2005, pg 226, (Leitura diária 18 de julho, da Obra Cristianismo Puro e Simples)

C.S.Lewis: Mais ratos ainda

APARENTEMENTE, os ratos do ressentimento e da vingança estão sempre ali no porão da minha alma. Porém, esse porão está fora do alcance da minha vontade consciente. Posso controlar os meus atos até certo ponto, mas não tenho controle direto sobre o meu temperamento. E se […] o que somos importa muito mais do que o que fazemos – se, de fato, o que fazemos funciona principalmente como uma evidência do que somos -, então a mudança pela qual eu preciso passar é uma mudança que os meus próprios esforços diretos e voluntários não são capazes de fazer. E isso também se aplica às minhas boas ações. Quantas delas foram realizadas pelo motivo certo? Quantas foram por medo da opinião pública ou pelo desejo de se mostrar? Quantas foram por algum tipo de obstinação ou senso de superioridade que, em outras circunstâncias, poderiam igualmente ter levado a algum ato maligno? O fato é que eu não posso, por nenhum esforço moral, fornecer novos motivos a mim mesmo. Depois dos primeiros passos da vida cristã, acabamos percebendo que tudo o que realmente precisa ser feito nas nossas almas só pode mesmo ser realizado por Deus.

FONTE: C.S.LEWIS, Um ano com C.S.Lewis. Editora Ultimato, 2005, pg 206 (Leitura diária 30 de junho, da Obra Cristianismo Puro e Simples)

C.S. Lewis: Imagine ser quem você realmente é

Por C.S.Lewis:

TORNAR-SE uma nova pessoa significa perder o que hoje chamamos de “nós mesmos”. Temos de sair de nós mesmos e adentrar em Cristo. A nossa vontade e os nossos pensamentos devem se tornar como os dele. Temos de ter a “mente de Cristo”, como dizem as Escrituras. Porém, se Cristo é um, e ele está em todos nós, isso significa que somos todos exatamente iguais? Certamente soa como se fosse assim; mas na verdade não é nada disso. É difícil conseguir uma boa ilustração, pois é claro que nenhuma coisa se relaciona com outra da mesma forma que o criador relaciona-se com qualquer de suas criaturas. Porém, tentarei apresentar duas ilustrações muito imperfeitas que podem nos dar uma noção da verdade. Imagine um grupo de pessoas que sempre viveu no escuro. Então você tenta lhes descrever a luz. Você pode até dizer que, se elas vierem à luz, essa luz incidirá sobre todas elas e que assim se tornaram o que chamamos de visíveis. Não é bem possível que elas imaginem que, se receberem todas a mesma luz e reagirem da mesma forma (isso é, todas refletindo a luz), todas acabarão parecidas? Porém, você e eu sabemos que a luz, de fato, revelará o quão diferente essas pessoas são. Ou então, imagine uma pessoa que não saiba nada sobre o sal. Ao lhe dar uma pitada para provar, ela expressará um gosto forte e intenso, todo particular. Então você lhe contaria que no seu país as pessoas usam sal em toda culinária. E ela poderia perguntar: “Nesse caso, eu suponho que todos os seus pratos tenham exatamente o mesmo gosto, porque o gosto deste condimento que provei é tão forte que absorveria o gosto de tudo o mais.” Porém, você e eu sabemos que o efeito do sal é exatamente oposto. Longe de tirar o gosto do ovo, do fígado ou do repolho, na verdade, ele os ressalta ainda mais. Esses alimentos não mostram o seu gosto verdadeiro enquanto o sal não é adicionado. 

LEWIS. C.S. Um ano com C.S.Lewis. Editora Ultimato, 2005, pg 156 (Leitura diária 14 de maio, da Obra Cristianismo Puro e Simples)

Frases Biografia de João Wesley

Recentemente resenhei aqui uma das minhas melhores leituras do ano, a biografia de João Wesley de Mateo Lelièvre. Além da vida inspiradora de João Wesley, essa obra traz fragmentos da história do Metodismo, relatos sobre a vida de Susana Wesley, de George Whitefield, dos Morávios e da História da Igreja do século XVIII. Uma leitura sensacional! Eu li por indicação e empréstimo do meu pastor e infelizmente parece que essa edição da editora Vida (1997) está esgotada. Encontrei alguns exemplares disponíveis somente no Estante Virtual. De qualquer forma, gostaria de compartilhar com vocês alguns dos meus trechos favoritos desse livro.

Confira para conhecer um pouquinho dessa grande obra:

“Susana Wesley, sempre à altura de fazer os maiores sacrifícios em prol da obra de Deus, exclamou: ‘Se eu tivesse vinte filhos, regozijar-me-ia em consagrar todos eles à obra missionária, ainda que fosse com certeza de nunca voltar a vê-los’.” (p. 52)

Sobre a juventude de João Wesley: “Sua aplicação aos estudos e seus dotes intelectuais conquistaram para ele, em bem pouco tempo, uma posição de proeminência entre os demais estudantes. Seguindo uma decidida inclinação aos estudos literários, dedicou-se especialmente às obras clássicas da Antiguidade, e a leitura constante dos grandes autores gregos e romanos levou-o a adquirir um gosto literário de rara pureza, ideias notavelmente elevadas e um estilo tão vigoroso quanto elegante.” (p.32)

“Em 1731 Wesley escreveu a um dos seus discípulos: Como você não tem a garantia de um só dia de vida, será pouco prudente desperdiçar um só momento. Parece-me que o caminho mais certo para se chegar à sabedoria é o seguinte: primeiro: definir qual é o alvo que você se propõe a alcançar; segundo: não ler nenhum livro que não contribua de um ou outro modo a esse fim; terceiro: entre os livros, escolher os melhores; quarto: terminar o estudo de uma obra antes de empreender outro; e, quinto: ler de uma maneira tão ordenada que a leitura de hoje sirva para esclarecer e corroborar a de outrem” (p. 44)

Comentário de João Wesley sobre os morávios: “Estavam sempre ocupados, sempre alegres e de bom humor na sua maneira de tratar uns aos outros: nunca de deixavam dominar pela cólera; evitavam todo o possível motivo para quaisquer tipos de desavença, aspereza ou palavras desagradáveis; onde quer que se encontrassem, andavam sempre de modo digno da vocação à qual tinham sido chamados, e honravam com seu comportamento o Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo” (p.56)

“Com bastante fé na providência divina, queria depender dela por meio da busca constante das indicações da linha de conduta que estabeleceria, sem se preocupar com a obra mais do que com o seu pão de cada dia, confiante que Deus lhe haveria de dar as duas coisas com igual abundância” (p. 73)

“Geralmente, não tinha uma cama senão o solo, nem um travesseiro senão uma velha capa dobrada. Certa noite, recordou ao seu companheiro de viagem os fatos, dizendo: ‘Irmão Nelson, devemos estar contentes; ainda me sobra um lado inteiro, pois a pele do outro lado já desapareceu’.” (p.133)

“Meu coração transbordava de amor; meus olhos, de lágrima; e meus lábios, de razão.” (p.189)

“Ainda ando de acordo com a mesma regra que observo há quarenta ou cinquenta anos. Nada faço irrefletidamente.” (p.319)

FONTE: Mateo Lelièvre, em João Wesley, Sua Vida e Obra. Tradução Gordon Chown. Editora Vida, 1997