Uma enfermeira de guerra brasileira: Izaura Barbosa Lima

Izaura Barbosa Lima (1897-1987), era uma das mulheres de confiança do Getúlio Vargas. Ela era conhecida e o é até hoje, como uma das grandes enfermeiras de guerra. Isso porque em plena Segunda Guerra Mundial, o Brasil pressionado pelos Estados Unidos a consolidar sua política de boa vizinhança, criou o 1º Grupo de Caça da Força Expedicionária Brasileira (FEB)[1]. Izaura foi uma das seis enfermeiras selecionadas pela diretoria da Escola de Enfermagem Anna Nery (EAN) para fazer parte da missão, que contou também com a incorporação de quatro médicos, entre eles o Dr. Lutero Sarmanho Vargas, filho do então presidente da República Getúlio Vargas.

(I) Izaura, a segunda da esquerda para direita.

O embarque aéreo se deu no dia 12 de julho de 1944[2]. As enfermeiras foram recebidas na base norte-americana de Mitchel Field, em Long-Island (New York) para serem treinadas. A atuação delas se daria no atendimento de pacientes vítimas das atrocidades da guerra, nos hospitais de campanha, ambiente – guardada as devidas proporções – já bem conhecido por elas. Porém mesmo assim, a história conta que elas passaram por treinamento militar protagonizado por dois sargentos, um brasileiro e um português naturalizado norte-americano. Esse treinamento incluía a disciplina das marchas, instrução física, continência, manejo de pistolas, uso de bombas incendiárias, extinção de incêndios, defesa contra agentes químicos, técnicas de descontaminação de roupas, abrigos coletivos, meios de transporte, técnicas de uso de máscaras contra gases, reconhecimento de diferentes tipos de aviões, natação em piscina e mar, defesa do militar perdido em floresta, técnicas de acampamento, evacuação e transporte de feridos por via aérea, localização de reservatórios, procedência, conservação e tratamento de água e mais, muito mais[3]. Em pouco tempo essas seis jovens brasileiras eram verdadeiras enfermeiras de – prontas para – guerra.

E eis o porquê a Izaura ficou conhecida como uma grande enfermeira de guerra: ela se destacou como líder desse grupo. Tornou-se líder não só por determinação e competência, mas por coragem, grande coragem. Em seu relatório da época do treinamento, criticou o excessivo número de aulas despendidas para atividades que nada se fariam necessárias nos hospitais de campanha. Para ela tratava-se de aulas para militarização do corpo e da mente, a fim de padronizar gestos, posições e condutas com vistas ao cumprimento dos afazeres militares; e deixou bem enfatizado: outras temáticas seriam mais relevantes, carecendo de maior número de aulas, para o “saber-fazer” da enfermagem[4].

Em setembro de 1944, a corajosa Izaura com suas companheiras, finalmente deixaram a base militar americana e seguiram rumo à Itália, onde seriam desafiadas ao extremo. E de sorte, as dificuldades começaram já na chegada à fria Civitavecchia. Após dezesseis dias em um navio e mais de treze horas de trem, o grupo desembarcou debaixo de muita chuva. Todas empacotadas em seus uniformes de inverno, foi dito das enfermeiras brasileiras por Joella Wallace [5], a oficial responsável, que tinham um “bom espírito” e que “não se deixavam abater pela difícil situação”. E de fato, todas elas serviram com esmero no 154th Station Hospital, situado entre Civitavecchia e Tarquinia e no 12th General Hospital, em Livorno. Sempre elogiadas pelo bom humor.

Com o fim da guerra na Europa, apesar de manifesto o desejo das enfermeiras brasileiras de ajudar suas companheiras norte-americanas, que iriam continuar suas atividades no Teatro de Operações do Pacífico, na luta contra o Japão[6]; elas cumprindo ordens, deixaram o front italiano em vinte de junho de 1945[7].

Após a guerra, o então presidente da república, General Eurico Gaspar Dutra, incluiu Izaura e as demais enfermeiras na Força Aérea Brasileira (FAB)[8]. Izaura, ainda foi condecorada com o Diploma de Medalha Militar do Ministério da Aeronáutica e seguiu trabalhando com a mesma determinação, competência e coragem; como Chefe do Serviço de Saúde Público Federal. Quando a partir de 1951 passou a estar perto do amado e odiado presidente da república Getúlio Vargas.

[1] A história da Aviação Militar Brasileira na Segunda Guerra – Ficha Biográfica Izaura Barbosa Lima. Disponível em: http://www.sentandoapua.com.br/portal3/content/view/Izaura%20Barbosa%20Lima/63/

[2] [3] [4] A inclusão de enfermeiras aeronautas brasileiras na segunda guerra mundial: desafios e conquistas. UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO, 2017.
Disponível em: https://pesquisa.bvsalud.org/controlecancer/resource/pt/biblio-891723?src=similardocs

[5] Anjos de Branco – 2º Tenente Enfermeira Izaura Barbosa Lima. Disponível em: http://www.portalfeb.com.br/anjos-de-branco-2o-tenente-enfermeira-isaura-barbosa-lima/

[6] A inclusão de enfermeiras aeronautas brasileiras na segunda guerra mundial: desafios e conquistas. UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO, 2017.
Disponível em: https://pesquisa.bvsalud.org/controlecancer/resource/pt/biblio-891723?src=similardocs

[7] [8] Anjos de Branco – 2º Tenente Enfermeira Izaura Barbosa Lima. Disponível em: http://www.portalfeb.com.br/anjos-de-branco-2o-tenente-enfermeira-isaura-barbosa-lima/

Imagem Cabeçalho: http://www.portalfeb.com.br/as-enfermeiras-brasileiras-e-o-servico-de-saude-da-feb/

Imagem (I): https://www2.fab.mil.br/musal/index.php/curiosidades-historicas-item-de-menu/961-enfermeiras-que-integram-a-fab-na-ii-guerra-mundial


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