“Este livro discorre sobre pessoas frias, insensíveis, manipuladoras, perversas, transgressoras de regras sociais, impiedosas, imorais, sem consciência e desprovidas de sentimento de compaixão, culpa ou remorso”
Olá a todos. Tenho algumas resenhas pendentes, rascunhadas, para publicar no blog. O que pretendo fazer nos próximos dias, começando hoje. Comentar sobre minhas leituras aqui, é como um exercício conjunto ao próprio ato de ler, então, é sempre um prazer.
Mentes Perigosas: o psicopata mora ao lado, foi a primeira leitura que concluí esse ano, e posso dizer, que ela ainda continua comigo. Narcisismo, psicopatia… são temas que parecem estar em alta agora, muito se têm falado sobre isso por aí, e na própria ficção atual, filmes e series, o foco parece estar sobre os vilões, ou já não se retrata nenhuma espécie de mocinho pura e simplesmente, será que estamos deslumbrados pelo mal?
Todavia, esse livro foi publicado há onze anos atrás, quando não se ouvia falar muito no assunto. A data é 2008, reeditado em 2015, e em 2018 com acréscimo de dois capítulos. Escrito pela médica psiquiatra, Ana Beatriz Barbosa Silva, nascida em 1967 no Rio de Janeiro, autora também de Mentes Ansiosas (2011), Mentes Consumistas (2014) e Mentes Depressivas (2016). Ela escreve numa linguagem informal, voltada para o público leigo. Um esforço de divulgar informações que principalmente na época do seu lançamento não eram acessíveis a todas as pessoas.
O assunto é a psicopatia, e o alvo que ela persegue ao longo de todo o livro é a quebra daquela percepção fantasiosa que temos – gerada principalmente pela ficção -, do que seja a figura do psicopata: um louco? um insano? um serial killer? O próprio termo psicopata está envolto em uma série de categorizações, mas ela insiste em usá-lo, invocando todo um tipo de personalidade que em resumo seria alguém incapaz “de ter empatia pelo outro […] o psicopata não tem semelhante. Ele nem sabe o que é isso.”
Um assunto polêmico como você pode imaginar. Ana Beatriz menciona várias vezes, há muitas pessoas que negam ou se recusam acreditar que existem pessoas como descrito acima: sem nenhum tipo de empatia pelo outro. Mas, como temos vários exemplos no livro, e como brasileiros, conhecemos centenas de histórias reais de fatos que não tem explicação, há não ser se levarmos em consideração que tais indivíduos são vazios de sentimento por outras pessoas. E não falo só de casos de mortes e violência extrema, mas de estelionato, corrupção etc.
E o que faz uma pessoa ser assim? Segundo a autora a psicopatia ou esse transtorno de personalidade é nato, ou seja, não é causado por circunstâncias externas, ou não só por elas. O livro traz além da explicação de alguns termos técnicos e conceituações básicas, uma descrição de comportamento bem comum desses indivíduos na sociedade, no mundo profissional por exemplo. Esclarecendo para nós o que diz o subtítulo, eles são a minoria, segundo estudos cerca de 4% da população mundial (“Segundo o psicólogo canadense Robert Hare, a prevalência desses indivíduos na população carcerária gira em torno de 20%. No entanto, essa minoria é responsável por mais de 50% dos crimes graves.), mas eles estão por ai, inclusive ocupando cargos importantes, já que como melhor explicado no livro, sem escrúpulos e numa sociedade doente, conseguem facilmente se destacar.
Em geral eu gostei do livro. Mentes Perigosas é muito interessante, provocante e atual. Uma leitura necessária principalmente no contexto brasileiro, onde a violência, reincidência criminal, crueldade e frieza dos malfeitores, corrupção, fraudes, estelionato… são noticiados diariamente. Eu sinceramente recomendo a todos que estejam dispostos a desafiar sua percepção do mundo e do próprio ser humano. Meu problema com ele, o que me fez classificá-lo com uma nota baixa, foi a linguagem. A meu ver, ficou informal demais, a ponto de me incomodar. Tirando isso, é um livro imperdível, uma ótima introdução ao assunto.

Livro: Mentes Perigosas - o psicopata mora ao lado
Autora: Ana Beatriz Barbosa Silva (1967- )
Editora: Editora Principium, 2014
Páginas: 232
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★★★☆☆
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Pelo leitura do artigo percebi que escrevemos os nossos post de forma bem diferente, eu faço a resenha logo que acabo a leitura, muitas vezes esta é tornada pública no primeiro dia, depois até deteto erros entre o que pensei escreve e o que de facto escrevi, mas no essencial são impressões retidas na mente, sem notas ou rascunhos.
Compreendo o que são transtornos psicológicos, aliás porque sofro de obsessão compulsiva e tenho de viver com ela, muitas vezes racionalmente sei que a realidade é diferente do que estou obsessivamente a crer, mas mesmo assim nem sempre domino a situação.
Claro que uma psicopatia que prejudica terceiros, que pode ser criminosa é uma preocupação e pelo post dá para perceber que a autora salienta isso, o problema grave é proteger potenciais vítimas e levar a sociedade a distinguir a culpa de um psicopata da culpa de uma mente perversa saudável.
Eu sempre faço rascunhos e aguardo uns dias antes de publicar, as vezes como nesse caso, demora até mais tempo. É bom dizer que procedo assim porque o blog é para mim uma forma de treinar minha escrita, esse é um dos meus focos desde 2014 (só não sei se está funcionando rsrsrs)
Tenho quase certeza que essa autora tem um livro sobre “mentes compulsivas”.
O problema da psicopatia é bem grave na sociedade, e há muito ainda a ser explorado. Pelo que tenho lido, não tem tratamento conhecido.
Também li este livro no início desse ano, e confesso que ele mais me deixou com perguntas do que com respostas! Porque na realidade, acho que o foco ficou muito grande nos riscos, no mal que causam… eu fiquei com dificuldade de reconhecer, entender um pouco mais sobre a doença (se é que se pode chamar assim).
Se quiser, dá uma lida:
https://melhorqueperfeito.com.br/2019/04/01/o-que-aprendi-lendo-sobre-psicopatas/
🙂
Oi Thaís, obrigada pelo comentário.
Eu também gostei e não gostei do livro. Não acho que a autora usou o tom certo para um livro desses, ao mesmo tempo, penso que a intenção dela foi se comunicar com o maior número de pessoas… Não sei. O que posso dizer é que vou ler outros livros dela.
Esse é um assunto que dá um nó na cabeça da gente. Tenho muitas perguntas também. Se você souber de outros livros me fala aqui por favor 😉