Que incrível a experiência de ler essas cartas. Para a alma feminina é como se dar conta a que nível pode chegar a sensibilidade do nosso gênero, a que grau de loucura pode chegar uma mulher apaixonada. (Eu só pensava: faz isso não minha filha kkkkkk)
Eu terminei de ler agora, na verdade não consegui processar bem ainda, será preciso reler com certeza. Mas corri aqui para registrar as primeiras impressões.
Essas cartas, cuja a autoria são atribuídas com alguma controvérsia a Mariana Alcoforado, foram publicadas na França em 1669. O contexto conhecido delas é um seguinte: Mariana, uma freira de um convento de Beja/Portugal, fora seduzida e depois descartada por um oficial do exército francês chamado De Chamilly.
As cartas em conjunto formam uma narrativa sofrida de uma mulher abandonada. O relato desesperado da dor de uma paixão não correspondida. Em minha interpretação pessoal: o testemunho visceral das consequências de uma defraudação emocional.
Apesar da sofrência toda, as cartas são muito bonitas, são como um imenso poema sem versos e sem rima.
“Conjuro-te a que me digas por que é que te empenhaste em me encantar como fizeste, se já sabias que me havias de abandonar?” (p. 21)
“Concordo em que tem sobre mim grandes vantagens e que me inspirou uma paixão que me fez perder a razão. Mas pouco pode envaidecer-se com isso: eu era jovem, era crédula, tinham-me encerrado nesse convento desde minha infância, só tinha visto pessoas desagradáveis, nunca ouvira lisonjas que sem cessar me dirigia.” (p. 73)
Livro: Cartas Portuguesas Autora: Mariana Alcoforado (1640-1723) Primeira publicação: 1669 Porto Alegre: L&PM, 1997 Páginas: 74 Compre: Amazon ★★★★★
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São muito famosas essas cartas, nunca as li, mas sei o quanto sofrimento mostram de uma alma que viveu a desilusão de uma paixão e de como esta última pode levar à perda da razão, mas o mais interessante, pelo que tenho percebido, é a qualidade literária destas cartas que as tornam numa das grandes obras de literatura portuguesa.
Sim Carlos, as cartas são uma incrível obra literária. Preciso conhecer mais autores portugueses. Abs.