Sobre releituras
Sobre releituras

Sobre releituras

“Quando lemos um livro, três regras intrínsecas e três extrínsecas governam o estudo. No começo, as três regras intrínsecas podem exigir três leituras separadas, mas com o tempo isso pode ser feito simultaneamente. A primeira leitura é para entender o livro: o que o autor está dizendo? A segunda é para interpretar o livro: o que o autor quer dizer? A terceira leitura é para avaliar o livro: o autor está certo ou errado? A maioria tende a ir direto para a terceira leitura e comumente ignora as duas primeiras. Costumamos fazer a análise crítica do livro antes de entender o que ele afirma. Julgamos se o livro está certo ou errado antes de interpretá-lo.” (Mortimer Adler citado por Richard Foster em “Celebração da Disciplina”, Editora Vida 2007, pg 108)

Me lembro da primeira vez que li esse trecho do livro do Richard Foster, da necessidade de ler um livro pelo menos 3 vezes antes de falar que o compreendeu de fato. Confesso, não dei muita bola para isso. Foi só quando tive contato com o próprio Adler em “Como ler livros”, que comecei a ponderar o assunto.

Sabe como é o jovem, presunçoso por natureza, achei naquele momento, há alguns anos atrás rs, que fazer releituras era uma baita perda de tempo. “Tantos livros para ler, tanto para conhecer e eu vou perder tempo relendo?”

Mas o tempo passa, e finalmente percebi meu (grande) equívoco. E não que me obriguei, mas senti a real necessidade de reler livros. Não todos é necessário dizer. Na verdade, a maioria dos livros não carece (não merece) o esforço, mas ainda assim, agora sei: eu preciso reler.

Os motivos básicos para releitura estão no trecho acima: entender, interpretar e analisar. Porém, há com certeza outros motivos, mais pessoais e internos. E creio ser esses, inicialmente, que convencerão o leitor comum decidir reler aquilo que gostou ou o incomodou, o irritou, e até o entristeceu ou consolou de alguma forma.

Posso dar um exemplo. Estou relendo o livro “Simplesmente Crente” do Michael Horton, pelos três motivos básicos, ou seja, estou na fase da interpretação e realmente penso que o autor vale a pena. Mas, estou relendo também, porque há uma lembrança viva dentro de mim lá de abril de 2017, ocasião da primeira leitura, de uma grande sensação de alívio de estresse – só um cristão lendo esse livro me entenderá.

O que me faz pensar que releituras são um mundo à parte, a descobrir no universo da leitura. É possível passar sem reler, mais impossível ultrapassar certas barreiras ou reviver certas experiências sem reler.


– Imagem cabeçalho: Georgios Iakovidis, “Girl Reading”, 1882


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2 comentários

  1. Excelente post como aconselhamento para se aprender a ler e a amadurecer a mente com a leitura que nos permite com o tempo crescer e a distinguir o trigo do joio e a pensar de forma adulta.
    Nem sempre sigo isto, mas a falha é minha.

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