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Inúmeros amantes são os que hoje acham a Jesus e seu reino celestial. Contudo, são poucos os que desejam a sua cruz levar. Há inúmeros ávidos por consolo, ao passo que poucos pelos tormentos. Inúmeros amigos em sua bonança e poucos em sua miséria. Junto dele, esses querem se regozijar, porém, poucos querem padecer qualquer coisa a seu favor. Até o partir do pão, inúmeros são os que estão junto a Cristo Jesus e poucos permanecem até o momento do cálice da paixão. Inúmeros são os venerados de suas maravilhas e poucos amam o desdouro da cruz. Inúmeros são os que, não tendo dificuldades, a Jesus amam. Inúmeros são os que, recebendo as provisões dele, o enaltecem e louvam. Todavia, se Jesus ocultar-se e por um momento os deixar, logo passam a murmurar e desanimar-se excessivamente.
Porém, aqueles que amam a Jesus pelo o que ele realmente é e não por própria satisfação, tanto o louvam nas tribulações e angústias, como na maior das consolações. E posto que nunca lhes fosse dada a consolação, sempre louvariam e lhe dariam graças.
Oh! Quanto pode o amor puro de Jesus, sem mistura de interesse ou amor-próprio! Não são, porventura, mercenários os que andam sempre em busca de consolações? Não amam mais a si do que a Cristo os que estão sempre cuidando de seus cômodos e interesses? Onde se achará quem queira servir desinteressadamente a Deus?
FONTE: Tomás de Kempis (1380-1471), Segundo Livro, Cap. 11 da Obra “Imitação de Cristo” (The Imitation of Christ). Tradução de Darlei Pinheiro da Mota. Editora Novo Século, 2021 – destaques em negrito nosso.
Imagem Charles Sillem Lidderdale, The Broken Pitcher
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