Nesse artigo, vou partilhar as melhores lições que aprendi com o livro Crente também tem depressão, escrito pelo Dr. David Murray, que pode ajudar tanto uma pessoa que está sofrendo com depressão, como aqueles que estão lidando com pessoas deprimidas.
É um livro voltado para o público cristão, mas que pode com certeza ser útil para todas as pessoas independente da crença.

#Por que deveríamos estudar a depressão?
Todos desejamos ser aquela pessoa para quem as pessoas que amamos se voltam em tempos de necessidade. E, quando procurados, desejamos estar prontos para ajudá-las e não prejudicá-las. É por isso que é tão importante que aprendamos sobre a depressão a fim de evitar equívocos e erros nos quais podemos cair ao lidar com pessoas deprimidas, para assim realmente ampará-las e não machucá-las ainda mais.
Há muitas pessoas que padecem de sofrimento mental e emocional, e inclusive essa pessoa pode ser em algum momento nós mesmos. Isso é uma realidade para qual é sábio se preparar. Eis 8 razões por que deveríamos estudar sobre a depressão:
1 – Porque a Bíblia fala sobre ela
“Davi e outros salmistas com frequência encontram-se profundamente deprimidos por várias razões. Contudo, eles não se desculpam pelo que estavam sentindo nem o confessavam como pecado. Essa era uma parte legítima do seu relacionamento com Deus. Eles interagiam com ele através do contexto da sua depressão.” [1]
2 – Porque ela é muito comum
“Em 2019, quase um bilhão de pessoas – incluindo 14% dos adolescentes do mundo – viviam com um transtorno mental. O suicídio foi responsável por mais de uma em cada 100 mortes e 58% dos suicídios ocorreram antes dos 50 anos de idade. Os transtornos mentais são a principal causa de incapacidade, causando um em cada seis anos vividos com incapacidade. Pessoas com condições graves de saúde mental morrem em média 10 a 20 anos mais cedo do que a população em geral, principalmente devido a doenças físicas evitáveis. O abuso sexual infantil e o abuso por intimidação são importantes causas da depressão. Desigualdades sociais e econômicas, emergências de saúde pública, guerra e crise climática estão entre as ameaças estruturais globais à saúde mental.”” A depressão e a ansiedade aumentaram mais de 25% apenas no primeiro ano da pandemia.
3 – Porque ela traz impacto à nossa vida espiritual
4 – Porque ela pode ser prevenida ou mitigada
5 – Porque ela abrirá portas para sermos úteis
Um entendimento maior da depressão nos fará mais úteis e nos dará mais empatia para com as pessoas que sofrem dela.
6 – Porque a depressão é muito mal compreendida
7 – Porque ela é um talento a ser investido para Deus
Como toda aflição na vida dos cristãos, a depressão deveria ser vista como um “talento” (Mateus 25:14) que pode ser investido de modo a trazer benefício para nós e para outros, bem como para a glória de Deus. O psicólogo cristão James Dobson observa que “nada” é desperdiçado na economia de Deus. Esse “nada” inclui a depressão.
8 – Porque todos nós podemos melhorar nossa saúde mental e emocional
A maioria das pessoas tenta tomar medidas preventivas (e curativas) para gozar de uma vida espiritual e física boa e saudável. Contudo, há menos conscientização do esforço similar requerido para se manter ou recobrar a saúde mental.
#Como estudar a depressão?
Considerando essas oito razões do por que deveríamos estudar esse assunto, é importante também pensar com qual atitude a depressão deve ser abordada. Sobre isso há dois importantes princípios: evite extremos e busque equilíbrio.
Por extremos Murray chama a tendência simplista de muitos de considerar as causas da depressão como: tudo é físico, ou tudo é espiritual, ou tudo é mental.
Nesse capítulo (o capítulo 2) ele se estende um pouco sobre o movimento de aconselhamento noutético de Jay Adams, bem como o moderno movimento de aconselhamento bíblico, pontos extras muito interessantes.
Para ele, quando o assunto é depressão, antes de qualquer outra coisa, precisamos reconhecer a excessiva e extraordinária complexidade da depressão e resistir à tentação de propor e aceitar análises e soluções simples. Como disse o Dr. Martyn-Lloyd-Jones citado no livro, “…os reinos físico, psicológico e espiritual se inter-relacionam […] Muitos dos nossos problemas são causados porque pensamos que um problema é espiritual quando ele é físico, ou pensamos que é físico quando é, na verdade emocional ou espiritual.”
#O que é depressão?
Há duas razões porque deveríamos estar preocupados em conseguir uma resposta correta para esta pergunta.
A primeira é física – somente conhecendo os sintomas posso saber se eu mesmo ou outros estão sofrendo de depressão e, então, buscar a ajuda adequada.
A segunda é espiritual – muitos que apresentam sintomas da depressão, sem identificá-los como tais, argumentam que, “se tenho estes pensamentos e sentimentos, eu não posso ser um cristão!”
A depressão se relaciona e reflete em pelo menos cinco áreas de nossa vida:
- Situações da vida
- Nossos pensamentos
- Nossos sentimentos
- Nosso corpo
- Nosso comportamento
#As causas da depressão
A depressão está frequentemente dividida em duas categorias principais: reativa e endógena. A depressão reativa é geralmente marcada pela presença de algum gatilho evidente – talvez um fato estressante da vida ou um conjunto de pensamentos inúteis. A depressão endógena é a que se supõe ter uma origem orgânica ou biológica. Contudo, essa distinção não é tão precisa. Muitos casos entendidos como de depressão endógena revelam a presença de um “evento estopim” para o desencadeamento do processo.
Murray cita cinco gatilhos de depressão: estresse, psicologia, pecado, doença e soberania.
No tópico estresse, ele traz a analogia do elástico em comparação as nossas vidas. Como elásticos, a vida nos estica, e quanto mais esticados, maior a tensão, menos flexível essa borracha se torna e maior é o perigo de finalmente partir-se.
Em algum momento, todos seremos esticados por acontecimentos da vida sobre os quais temos pouco controle e, pelo nosso estilo de vida, sobre o qual temos considerável controle.
Como gatilho de psicologia ele quer dizer “o modo como pensamos”. É vital aprender a reconhecer os falsos padrões de pensamento (falsos extremos, falsa generalização e etc. – detalhados no capítulo 3).
Sobre o pecado como gatilho de depressão, o autor enfatiza em todo o livro que não devemos apontar o dedo para as pessoas deprimidas dizendo a elas que o problema é espiritual. A depressão pode ter várias causas e cada caso é um caso, não podemos ser simplistas nesse assunto. Porém, para o autor, uma pessoa incrédula pode estar deprimida sim, por causa do seu pecado. E, nesse caso, a cura é o arrependimento e fé em Jesus Cristo.
E para além disso, a insistência em comportamentos errados, a idolatria a pessoas e coisas, o orgulho, o egoísmo, a falta de perdão… podem sim causar depressão em uma pessoa.
#Algumas curas
➜ Corrija seu estilo de vida
- Siga uma rotina
- Relaxe
- Exercite-se
- Descanse
- Repriorize
➜ Corrija seus falsos pensamentos
➜ Corrija sua química cerebral (se necessário for, tome os medicamentos prescritos por um médico)
➜ Corrija sua vida espiritual
#Para os cuidadores
Os cuidadores são a família, os amigos e os companheiros cristãos que estarão envolvidos em um grau ou outro, ajudando o doente a melhorar. Algumas pesquisas têm mostrado que a saúde mental dos pacientes melhora muito mais rápido se tiverem alguém próximo a eles em quem possam confiar e se apoiar.
Se você que ser essa pessoa, se você quer ajudar os seus amados nesse momento tão frágil que é um quadro de depressão, então você precisa de:
- Estudo
- Compaixão
- Apoio
- Ter cuidado com os estigmas
- Ser uma pessoa confiável
- Ser um encorajador
- Ouvir mais, mas saber também falar na hora certa
- Estar atento ao sinais do suícidio
- Ter paciência
Conclusão
Esse livro é um guia rápido, talvez um guia de emergência para aqueles que sofrem com depressão. Nele é possível encontrar uma breve explanação da condição, causas, e curas tanto para aqueles que estão com depressão como para aqueles que cuidam de pessoas deprimidas.
“A depressão aflige o forte e o fraco, o sábio e o simples, aqueles com um temperamento alegre e os de temperamento melancólico. Nunca a cautela foi tão necessária. ‘Aquele, pois, que pensa estar em pé veja que não caia.’ (1 Corintios 10:12)”
[1] Steve & Robyn Bloem, “Broken Minds, 2005” – citado por David Murray, p. 55.
Créditos Imagem Cabeçalho – Distorção e aquarela por Henrietta Harris
Livro: Crente também tem Depressão
Autor: Dr. David Murray
Editora: Os Puritanos, 2012
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