Jane Austen é uma das principais escritoras inglesas de todos os tempos. Ela viveu entre 1775 a 1817. Nascida em Steventon, Hampshire, filha de um pároco anglicano. Sua situação e ambiente serviram de contexto para todas as suas obras, cujo tema gira em torno do casamento da protagonista. Sense and Sensibility (Razão e Sensibilidade) foi seu primeiro romance publicado em 1811, seguido de Pride and Prejudice (Orgulho e Preconceito) em 1813 conhecido como sua obra-prima, e muitos outros.
Na Inglaterra, no século XIX, as irmãs Dashwood ficam desamparadas com a morte do pai, que deixara suas propriedades em Norland Park para seu filho do primeiro casamento. Elas mudam-se para um chalé em Devonshire, oferecido por um primo da mãe viúva, deixando para trás toda a rotina de uma vida confortável. Elinor (a filha mais velha) e Marianne são as personagens principais, que vivem no decorrer do romance, entre altos e baixos, os dramas da juventude. Elinor veio de Norland com o coração comprometido com o jovem Edward e Marianne logo que chega ao novo lar parece encontrar um príncipe (des)encantado. A partir disso, acompanhamos os acontecimentos na vida dessas jovens rumo ao final feliz, e entre pontos e vírgulas, a crítica de Jane Austen à sociedade inglesa da época.
Dependendo das circunstâncias e do momento, uma qualificação pode ser levada muito acima de seu real valor; muitas vezes, ao contrário, pode ser rebaixada pela tendência a se considerar que nascer em berço de ouro é mais importante do que ter bom caráter. (pg. 206)
Esse romance é uma obra incrível. A crítica à sociedade foi construída sob o conhecido humor irônico da autora, uma das características que mais gosto nos livros dela. Jane Austen viveu no século XIX, portanto descreve essa época como ninguém – as casas, os costumes, as pessoas, a hipocrisia… – entre vestidos pomposos e carruagens, ela consegue nos dizer muito além das palavras. Outros pontos de destaque são as variações de rotinas das personagens, a história começa em Sussex, passa por Devonshire, por Londres e volta para Sussex, ampliando os contextos cotidianos. A exposição da personalidade tomada pela razão e/ ou pela sensibilidade também é muito bem feita, não só com Elinor que representa a razão e Marianne que representa a sensibilidade, mas com outros personagens, como a mãe das moças e Willoughby. E por fim posso citar o amadurecimento de Marianne: em alguns momentos pode parecer até extremas as reações da personagem e para alguns arrastado pra ler, porém pensando um pouco em qual pode ter sido o objetivo da autora, talvez querer demonstrar onde a personalidade ultrassensível pode levar uma pessoa.
Contudo acho que o livro pode não agradar alguns leitores, principalmente se os mesmos se aventurarem a compará-lo com Orgulho e Preconceito. Penso, que a comparação é inevitável para quem já leu os dois, porém não necessária, para que não se cometa injustiça. Razão e Sensibilidade não é genial ou incrível como aquele, mas tem o seu valor literário garantido tanto quanto, por outras razões como já foram expostas e com certeza muitas mais. Minha única crítica seja talvez ao desfecho de Marianne, quem já leu vai compreender, pareceu-me fugir da regra da autora de finais felizes.
É o terceiro livro que leio da autora e continuo encantada pela sua escrita. Recomendo muito para todos. Acredite não é por acaso que a obra de Jane Austen ainda é lida após 200 anos das primeiras publicações, vale a pena conferir 😉
+INFO: RAZÃO E SENSIBILIDADE | Título original: Sense and Sensibility, 1811 | Autora: Jane Austen (1775-1817) | Nova Cultural, 2003 | Páginas: 366 | Amazon, Estante Virtual | Minha Avaliação: 5/5
Descubra mais sobre CAFÉ FÉ E LIVROS
Assine para receber nossas notícias mais recentes por e-mail.