Que eu não me esqueça

Passo os dias embrenhada nos meus pensamentos, tendo cada vez mais a certeza que o evangelho não me pede para ser normal. Pede que eu seja comum, mas não normal ao ponto de seguir o mesmo que todos os outros. Não o digo com o objectivo de me querer fazer mais que os outros, não! Digo-o porque compreendo que o evangelho carrega consigo uma lógica de que eu não preciso me esquecer de qualquer circunstância da vida para saber ultrapassá-la.

Porém, é necessário deixar o passado onde ele pertence. Manter o futuro onde ele deve estar – nas mãos de Deus. E viver um dia de cada vez, aprendendo e amadurecendo com a minha rotina (porque ela não deixa de ser algo espiritual).

Ainda que haja o sentimento de não conseguir superar as expectativas que as pessoas criam, e mesmo que não alcance o patamar que anseio e por achar que Deus já não atenta para os atritos e dificuldades… que eu não me esqueça da minha identidade. Que eu não me esqueça dos conselhos dados; que eu não me esqueça que sou necessária onde estou. E, o mais importante, que eu não me esqueça de ser grata.

Grata pelo fôlego de vida que o Pai me deu; grata pelo Seu amor eterno demonstrado na cruz – amor esse que me fala de promessas e recompensas eternas pela maneira como correspondo a ele, mesmo que doa –; grata por saber que jamais estarei sozinha, que Ele jamais abandona os seus.

Que eu não me esqueça da Sua permanente presença, ainda que em silêncio, mas sempre atento aos passos dos Seus filhos. Aos quais Ele anseia e ama que cresçam em graça e conhecimento, cada vez mais perto de alcançarem a maturidade pretendida. Que Ele ama como jamais alguém poderá amar. Que eu não me esqueça. Que eu seja grata.

Porque ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; ainda que decepcione o produto da oliveira, e os campos não produzam mantimento; ainda que as ovelhas da malhada sejam arrebatadas, e nos currais não haja gado; Todavia eu me alegrarei no Senhor; exultarei no Deus da minha salvação. (Habacuque 3:17,18)