Margarete Blarer: Uma Diaconisa da Reforma Protestante
Margarete Blarer: Uma Diaconisa da Reforma Protestante

Margarete Blarer: Uma Diaconisa da Reforma Protestante

Margarete Blarer, também conhecida por Blaarer ou Blaurer, é uma figura muito importante para a história da Reforma Protestante do século XVI. Ela nasceu em 1494 na cidade de Constança, onde Jan Huss havia sido queimado na estaca profetizando que a Reforma ressurgiria das suas cinzas. Filha de uma antiga família de comerciantes, junto com os seus irmãos recebeu uma excelente educação.

Em 1510, seu irmão mais velho Ambrosius Blarer, ingressou no mosteiro beneditino em Alpirsbach permanecendo ali por algum tempo, até que conheceu os escritos de Lutero por meio do seu irmão Thomas, um estudante de direito em Wittenberg, aceitando a doutrina protestante.

Margarete apoiou seus irmãos na realização da Reforma em Constança e Wittenberg, trabalhando arduamente com a mente e as mãos. Ela era uma mulher intelectual: leu e comentou sobre escritos teológicos e manteve contatos estreitos com o reformador de Estrasburgo, Martin Bucer, e com Katharine Zell, esposa de Mathias Zell, outro pregador e reformador de Estrasburgo; e foi grandemente honrada como poetisa por Erasmus e Heinrich Bullinger. Todavia, era também uma auxiliadora de seus irmãos, uma referência de irmã e “mãe” como Bucer se referia a ela em suas cartas, embora ele fosse três anos mais velho que ela.

Como James I. Good afirmou em 1901, ela foi realmente considerada uma mãe por muitos por causa das suas boas obras. Margarete dedicou sua vida a cuidar dos órfãos, idosos, enfermos, uma genuína irmã de misericórdia: “Margaret era incansável em fazer o bem. Ela ensinou muitas crianças pobres a ler. Muitas foram as viúvas e os órfãos que ela visitou em seu sofrimento. Enquanto o seu irmão Ambrose empunhou a espada espiritual, a Palavra de Deus, e o seu outro irmãos Thomas empunhou a espada da autoridade civil como líder da Reforma no conselho da cidade, o seu trabalho foi um labor quieto e silencioso de amor que alcançou a todos.”

Ainda segundo James I. Good, a primeira sociedade de mulheres para cuidar dos enfermos foi organizada por ela; e com isto ela tornou-se fundadora da primeira sociedade de mulheres da Igreja Protestante.

Margarete permaneceu celibatária por toda a sua vida. Ela recusou o casamento, bem como a entrada em um mosteiro. Uma verdadeira irmã de misericórdia fora da clausura de um convento. Ela dedicou sua vida a cuidar de idosos e enfermos, visitar viúvas e órfãos, ensinar crianças pobres a ler…; financiando tudo isso, por meio do comércio de linho que também administrava. Foi através também de sua renda que seus irmãos trabalharam sem ser perturbados e sem remuneração da igreja.

Em 1541, quando a peste fez inúmeras vítimas, Margarete não deixou a cidade, ela ficou e cuidou dos gravemente enfermos que ficaram para trás. No dia 15 de novembro de 1541, aos 47 anos, a diaconisa da igreja, o “anjo da misericórdia de Constança”, partiu dessa vida após adoecer com a própria peste. Apenas alguns dias antes, em 05 de novembro de 1541, seu irmão Ambrosius escreveu essas palavras para Bullinger: “Margaret, a melhor das irmãs, se comporta como uma arqui-diaconisa de nossa igreja, expondo a sua própria vida ao perigo. Diariamente, ela visita as casas onde os enfermos da peste estão sendo cuidados. Ela acabou de tomar uma pequena menina, a qual tem ajudado e apoiado durante dez anos, para morar em sua casa. Ore ao Senhor, eu suplico, para que Ele não permita que ela, que é o nosso único conforto, seja arrancada de nós.” (GOOD, 2009)

– GOOD, James I. Grandes Mulheres da Reforma. Pará: Knox Publicações, 2009
– GAMEO. Encyclopedia Index: Blaurer, Ambrosius (1492-1564). Disponível em: https://gameo.org/index.php?title=Blaurer,_Ambrosius_(1492-1564)
– MARGARETE BLARER. Seniorenzentrum “Im Paradies”, Margarete Blarer. Disponível em: Margarete Blarer – bedeutende Persönlichkeit der Konstanzer Stadtgeschichte
– WIKIPÉDIA. A enciclopédia livre: Margarete Blarer. Disponível em: https://de.wikipedia.org/wiki/Margarete_Blarer– Imagem: Barbara Hutzl-Ronge


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4 comentários

  1. É muito interessante que se estudem essas importantes mulheres do passado. O protagonismo feminino em todas as religiões deve ser assumido. Por isso, é uma ocasião muito especial o momento em que vamos a arquivos e bibliotecas, para encontrar cartas, bilhetes, emocionantes testemunhas da ação feminina num tempo em que nem todas as mulheres podiam se expressar. Parabéns pelo post!

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