Reflexões de uma Leitora Cristã - Resenhas de Livros, Literatura, Teologia e Devoção
Lendo Contos: A porta no muro de H.G.Wells
Lendo Contos: A porta no muro de H.G.Wells

Lendo Contos: A porta no muro de H.G.Wells

“E assim, num instante, foi parar no jardim que assombrou toda a sua vida.”

Eu gosto muito de ler contos! Se você me acompanha aqui nesse Blog isso é algo que com certeza você já sabe. Para esse novo ano estabeleci para mim a mesma meta do ano passado: ler ao menos 30 contos. É uma meta fácil, pois desconsiderando o ano de 2021 é o que tenho lido desde que descobri esse tipo de narrativa, que foi em minha fase de leitora já adulta depois dos vinte anos.

Ler contos para mim sempre significa conhecer novos autores, pois eu acabo na hora de escolher esses contos sendo menos criteriosa já que as narrativas costumam ser curtas – numa sentada se lê e então se não gostar não custou quase nada. E também porque continuo seguindo a minha regra: quando me surge interesse por um autor novo para mim, como H.G. Wells por exemplo, procuro saber se o mesmo escreveu contos. Gosto de ter meu primeiro contato com autores através sempre dos contos.

Bem, o escritor britânico H.G. Wells, é um autor de livros clássicos muito comentado, recomendado e citado. Fazia tempos que queria ler algo de sua obra que conta com vários títulos como: A máquina do tempo, A ilha do Dr. Moreau, O homem invísivel, A Guerra dos Mundos, e outros. E é verdade que tenho tanto na minha estante como no meu kindle alguns desses. Mas foi somente agora, com a oportunidade desse conto publicado em 1906, A porta no muro, que decidi me dar a oportunidade de ler o autor. E tenho que dizer que me surpreendi positivamente. Pois sabendo que H.G. Wells é considerado o pai da ficção científica, fiquei meio pé atrás, esperando não gostar.

Ficção científica e fantasia, são dois gêneros da literatura que eu ainda não explorei muito e portanto, talvez esse seja o motivo, ainda não aprendi a ler ou gostar. A porta no muro, acredito que seja do gênero fantástico. Conta a história de um homem, Lionel Wallace, e suas experiências sobrenaturais, irreais, fantasiosas (?)… contadas para o leitor por seu amigo Redmond. Wallace afirma de forma convincente ter aos 5 anos de idade, ao se perder por um momento da família, entrado em um jardim através de uma porta verde que ficava num muro branco. Ali ele viu e sentiu uma felicidade indescritível, mas que em um só momento desapareceu. Redmond nos conta como a vida inteira de Wallace foi tomada pelo desejo de retornar aquele lugar, porém sem nunca conseguir ou conseguiu? Você meu leitor terá de ler para saber.

Para mim como disse foi uma surpresa gostar tanto. A escrita do Wells me ganhou já de início. Sobre o conto e sua interpretação, acredito que dependerá muito de cada leitor. Para cada um essa porta, esse jardim, esse anseio por uma felicidade inexistente na vida terrena, pode ter um significado diferente. Inclusive, eu li no Skoob um comentário muito interessante que interpreta o nosso Wallace como acometido de uma doença mental (o skoober Santos), como se o que é narrado significasse nada mais do que a sua fuga da realidade. Achei interessante também.

Mas, o que eu, como uma cristã que sou poderia ser levada a pensar sobre tal descrição?:

“Havia algo no ar de lá que inspirava euforia, que dava uma sensação de leveza e coisas boas e bem-estar; havia algo na visão que deixava todas as cores limpas e perfeitas e sutilmente luminosas. No momento em que entrou, o sentimento foi de uma felicidade intensa… como só acontece em raros momentos […] E tudo era lindo lá… […] Havia uma sensação clara de volta para o lar na minha mente…”

Esse anseio pela eternidade, que Salomão disse que Deus colocou dentro do coração do homem (Eclesiastes 3:11), aqui e ali eu tenho encontrado na literatura. Esse anseio do personagem Wallace é o mesmo que cultivo em meu coração, o desejo de voltar para casa, de contemplar a face de Cristo, e já não mais me preocupar com as perturbações daqui dessa terra. “E a vida eterna é esta: que conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste.” (João 17:3)

Conto: A porta no muro, 1906
Autor: H.G. Wells (1866-1946)
Edição lida: Editora Wish, 2020
Páginas: 25
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★★★★★


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2 comentários

  1. Tenhouma coletânea com todos os contos e narrativas curtas de H G Wells, rapidamente me lembrei do conta e do que lhe aconteceu nas seguintes tentativas.
    Bem menos fantásticos e bem mais realistas com gente comum são os meus contistas favoritos: Tchekhov e Alice Munro, um no século XIX num povo habituado a ser escravizado e outra nos tempos atuais com gente laica, talvez hedonista com vida sofrida.
    Claro que os contos fantásticos e terror de Edgar Allan Poe também me fascinam.

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