“Assim como, na obra da Criação, Deus demonstra a sua sabedoria, poder, soberania e glória na grande variedade de seres, objetos, cores, formas, texturas e sabores que criou, é surpreendente observar a diversidade na escolha e na preparação dessas mulheres: donas de casa e rainhas, solteiras e casadas, ricas e pobres, cultas e iletradas, ousadas e tímidas. Entretanto, todas cumpriram o papel para o qual Deus as designou, fosse à frente de um exército ou no recôndito de seus lares. Todas ajudaram a transformar o mundo religioso da época com suas vidas, atos e escritos, tanto no palácio, quanto na masmorra ou mesmo na cozinha.”
Numa só leitura, encontrei-me com vários dos meus interesses, alguns dos fios que tenho perseguido nos últimos anos: o cristianismo, a feminilidade bíblica, a reforma protestante, a narrativa biográfica…
Grandes Mulheres da Reforma foi uma leitura muito interessante. O prefácio da obra original data em 1901, assinado pelo autor, o ministro e historiador americano James Isaac Good. A proposta dele foi tornar conhecida a história dessas mulheres que, cada uma a seu modo, foram tão importantes para a história da igreja reformada.
São ao todo quatorze breves relatos (nessa edição) das histórias dessas mulheres que viveram no século XVI em diferentes países e contextos da Europa. O que dá ao leitor não só os relatos em si, mas uma dimensão mais humana, mais palpável do que foi a Reforma Protestante; de como tudo o que aconteceu naquela época mudou a vida das pessoas.
Como soprado no trecho citado acima, é impossível quanto cristão, deixar de glorificar a Deus pela sua Soberania e tamanha Graça manifesta na vida dos seus servos ao longo da história. Anna Reinhard, Idelette D´Bures, Margaret Blaarer, Margaret de Navarra, Phillipine De Luns, Renée de Este, Olympia Morata, Katharina Von Bora… são mulheres que viveram vidas tão diferentes e distante de nós, que foi emocionante os momentos que pude me identificar com elas, seja pelos conflitos, seja pela fraqueza física e emocional, seja por ser tomada de compaixão dos muitos sofrimentos que elas passaram. Faço das palavras de Layse Anglanda minhas palavras, sobre o sofrimento delas ela diz assim: “A grande maioria de nossos sofrimentos – mesmo de nossas tragédias pessoais – são tão menores que deveríamos ‘corar de vergonha’ ao pensar em nos queixarmos.”
A maioria das histórias foram inéditas para mim, sendo duas as mais marcantes: a de Margareth Blaarer e de Phillipine De Luns. Para Margareth eu já dediquei um texto, tão logo eu li seu relato me prestei a saber mais sobre a sua vida e como fui abençoada até pelos registros de como a mesma terminou. Quanto a Phillipine, com certeza foi o capítulo mais difícil de ler, seu martírio foi algo inimaginável. Porém sua fé, coragem e perseverança, com certeza ficarão ainda mais profundamente marcados no coração daqueles que tiverem contato com a sua história.
Esse é o tipo de livro que inevitavelmente me levará direto para outros livros, portanto, uma pequena porta que me deu acesso a um jardim tão amplo, belo e florido com as mesmas flores, tenho a sensação, descritas na obra do C.S Lewis “O Grande Divórcio”, flores verdadeiras. Foi uma benção ter lido.
+INFO Livro: Grandes Mulheres da Reforma, 1901 | Autor: James Isaac Good (1850-1924) | Título original: Famous Women of The Reformed Church | Tradução: Anna Layse Gueiros | Knox Publicações, 2009 | Páginas: 144 | Amazon, Estante Virtual | ★★★★★
Descubra mais sobre CAFÉ FÉ E LIVROS
Assine para receber nossas notícias mais recentes por e-mail.