Sophie sempre acreditara que era tão determinada quanto Lettie. Agora descobria que havia algumas coisas que ela só podia fazer quando não houvesse mais desculpas.
O Castelo Animado de Diana Wynne Jones foi o primeiro livro que veio a minha mente quando surgiu a ideia de fazer o Especial do Mês das Crianças aqui no blog – inclusive obrigada Rudi pela ideia. Li ele em 2017 e fiquei completamente encantada. Me admira muito que, obra e autora, não sejam mais conhecidas no Brasil. Esse post então, na verdade é uma republicação das minhas impressões de leitura lá de 2017 do tempo do blogger com algumas alterações 😀
O Castelo Animado, é um livro de fantasia, um conto de fadas meio ao avesso. Conta a história de Sophie Hatter a mais velha de três irmãs, que após a morte do pai fica confinada ao trabalho na chapelaria da família, onde um dia sem mais nem menos a chamada Bruxa das Terras Desoladas aparece e a transforma numa velha.
– Não se preocupe, sua velha – disse Sophie para o rosto – Você parece ter bastante saúde.
A partir daí essa “jovem velha” inicia uma jornada que a leva direto para o fantástico castelo de Holw, onde a grande aventura começa!
Como disse, achei a história encantadora, bem escrita e principalmente inteligente. A autora não subestimou a capacidade do público infantil de entender uma história engenhosa. O resultado é um trabalho brilhante, que atrai até os adultos.

Um ponto bem interessante também, é o humor criativo da autora. Em vários momentos em meio a uma situação séria ou triste, aparece nos diálogos ou em um comentário do narrador – que é onisciente em terceira pessoa – uma ironia leve. Chamo de humor criativo, pois muda totalmente o ponto de vista do leitor sobre aquela cena que deveria ser dramática, mas que acaba passando um aprendizado engraçado. Lembrou-me inclusive, do jogo do contente da menina Pollyanna, no clássico de Eleanor H. Porter.
Já destaquei um desses momentos no quote acima, que é quando Sophie se olha no espelho e percebe que está velha: ao invés de entrar em desespero ela se alegra de ter saúde. Veja outros:
Lia muito e logo se deu conta de que tinha pouca chance de um futuro interessante. Para ela isso foi uma decepção, mas mesmo assim continuou feliz, cuidando das irmãs e preparando…
– Eu nunca tinha me dado conta do que as pessoas idosas têm de suportar! – ofegou, subindo a estrada com dificuldade. – Mas não acredito que um lobo vá me comer. Eu devo estar muito seca e dura. Isso já é um conforto.
Levando-se em consideração o público alvo da obra (infanto-juvenil), um ponto negativo talvez, seria a personificação do mal em figuras de bruxas e magos muito presente; porém analisando o contexto geral do enredo, creio ser esta de caráter imaginativo como em “Crônicas de Nárnia de C.S.Lewis”, e não apelativo. Todavia, é importante citar que “O castelo animado” inspirou uma famosa animação japonesa dirigida por Hayao Miyazaki em 2004. Que não assisti, mas ouvi comentários que apesar de boa, não é uma adaptação fiel ao livro, e pelo trailer tive a impressão que a personificação do mal ali foi mais além.
E para terminar, um pouco sobre a autora: Diana, nasceu em 1934 em Londres, Inglaterra; e morreu em 2011. Escreveu livros no gênero fantasia para crianças e adultos e alguns livros de não ficção. Cursou inglês na Universidade de Oxford, onde teve aulas com C.S.Lewis e J.R.R.Tolkien 😮 A sua obra total soma mais de 40 livros, porém a maioria ainda não foi traduzida para o português.
Livro: O CASTELO ANIMADO, 1986
Autora: Diana Wynne Jones (1934-2011)
Editora: Galera, 2007
Páginas 318
★★★★★
Descubra mais sobre CAFÉ FÉ E LIVROS
Assine para receber nossas notícias mais recentes por e-mail.
Kelly!!!!
Tenho esse livro no kindle há muito tempo e nada de ler, taí uma boa oportunidade, vou lê-lo também, achei que esse mês seria mais tranquilo mas a correria continua haha.
Felizmente estou conseguindo fazer postagens todos os dias e tenho lido bastante (praticamente nada que coloquei nas metas, mas enfim…), terminei um hoje que tem bastante isso de amenizar momentos tensos com tiradas espirituosas, mas é um livro que eu jamais leria para meu filho haha
Para o resto do mês quero ler O Cerne da Questão, do Graham Greene, não é infantil mas quero ler, a biografia do Maurício de Sousa e, se sobrar tempo, quero ler esse também
Oi Rudi!
Eu estou gostando muito da experiência desse mês. Estou com uma leitura infanto-juvenil arrastada, talvez um mês seja muito hahaha Até comecei reler um calhamaço adulto – acho que é o efeito rebot kkk
Mas enfim, acho que vou conseguir cumprir com as postagens.
Você está de parabéns, seu blog mais do que em dia 🙂
Engraçado você citar esse autor Graham Greene, estou atrás dos livros dele já faz um tempo.
Boa noite!
Gosto muito desse livro, e ele foi um dos meus favoritos quando menor. Sophie é uma personagem incrível, principalmente por não seguir o ideal de mulher que a maioria dos novos livros trazem. As sacadas da Jones mostram que ela via através da aparente perfeição e alegria da vida alheia, e isso é espelhado através dos personagens.
A adaptação do Miyazaki toma um caminho completamente diferente. Eu diria que a ‘personificação do mal’ na verdade é mínima no filme, pois ao contrário do livro, todos encontram redenção. Isso sem contar também que é muito complicado trabalhar por esse ponto de vista porque até mesmo as dinâmicas entre os feiticeiros e bruxas é diferente.
Enfim, gostei da resenha!
Oi Louise, obrigada pelo comentário!
Ótima consideração sobre o olhar incrível de Diana, quero até reler o livro para prestar mais atenção nisso.
Então, acabei não assistindo a adaptação e pretendo não fazê-lo para não estragar as imagens criadas na minha mente durante a leitura. Mas é bom saber das diferenças entre livro e filme.
Você leu a continuação? A série?
Abs.