Faz anos que eu reflito sobre o impacto negativo das redes sociais na vida das pessoas. Comecei observando a mim mesma, eu fui meu próprio laboratório nesse tema. Mas é claro que quando saímos da esfera micro, do “indivíduo”, e vamos para a macro, ao pensar nas milhões de pessoas que utilizam as redes sociais todos os dias e a todo tempo, os efeitos são alarmantes.
Cada vez mais tenho visto notícias, artigos e pesquisas sobre os danos causados pelas redes sociais. E nem vou dizer do “vício” ou ir pela via “do mau uso das redes”, pois aquilo – o Instagram, o Facebook, o X, o TikTok… – aquilo é feito para viciar. Para mim não existe essa de bom uso das redes, pois se foi feito para gerar dependência, como eu posso fazer bom uso? Só se a utilização for para trabalho… Mas nem vou entrar nessa seara.
A Armadilha da Vida Perfeita nas Redes Sociais
Hoje quero comentar um pouco sobre um desses efeitos negativos das redes sociais: a armadilha da vida perfeita.
A vida nas redes sociais muitas vezes é retratada de uma forma irreal, como se a vida fosse uma constante de equilíbrio e harmonia: viagens para lugares incríveis, jantares sofisticados, famílias sorridentes e conquistas brilhantes. Nas telas parece que a vida de todos ao nosso redor é mais interessante, mais alegre ou mais realizada que a nossa. Mas, ao olhar com atenção, podemos perceber que essa “perfeição” é muitas vezes apenas uma fachada, um recorte de momentos editados, e, portanto, uma mentira.
E sobre isso de “vida perfeita” todo cuidado é pouco. À primeira vista pode parecer inofensivo, mas os prejuízos psicológicos, emocionais, espirituais e até financeiros já são um fato na vida de muitas pessoas. Qual mente e coração humano não ficam atordoados com as imagens e vídeos da tal vida perfeita ao experimentar a vida como ela é – cheia de desafios, lutas, provas, imperfeições? Diante dos feeds infinitos a comparação não é a única tentação.
A Vida que Importa Não é Perfeita
As redes sociais distorcem a nossa visão do que realmente importa. Às vezes, ficamos tão obcecados em criar uma imagem impecável (eis outro aspecto dessa armadilha da vida perfeita) que acabamos deixando de lado a verdade de quem somos. Em vez de buscarmos crescer, desenvolver, enfrentando os desafios, escondemos atrás de uma máscara de felicidade e sucesso irreais.
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Para nós cristãos, a coisa ainda aperta mais, pois esses dois pontos que levantei: ficar observando a vida perfeita dos outros (se comparando, invejando…) e buscar a todo custo ter uma vida perfeita (mentindo, fazendo dívidas…); vai contra os nossos princípios e valores. Para um cristão ter esse tipo de comportamento, não se iluda, é pecaminoso.
A vida perfeita que vemos nas redes sociais é muitas vezes um reflexo do que as pessoas querem que os outros vejam, não da verdade completa. Somos seres imperfeitos. Eu não posso perder a oportunidade de te dizer: você não é perfeito, você nunca terá uma vida perfeita. E quer saber da verdade? Somente Deus é Perfeito. E esse Deus Perfeito nos ama. Então vamos de novo: você não é perfeito, você nunca terá uma vida perfeita, mas você é amado por um Deus Perfeito.
Devo excluir meu Instagram?
Sim! Kkkkk. Brincadeira, se você quiser sim. Essa questão que coloquei aqui, a armadilha da vida perfeita, não é algo limitado as redes sociais, isso pode acontecer com certeza fora das redes também, como por exemplo, em grupos sociais, no mundo corporativo, ciclos familiares, na igreja… Então, o que podemos fazer para evitar a “armadilha da vida perfeita”?
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Em primeiro lugar, precisamos aprender a discernir o que é real e o que é ilusão. Especialmente em um mundo saturado de informações e aparências. Muitas vezes, nos vemos presos a padrões externos, a uma busca incessante por validação através de curtidas, seguidores e a opinião das pessoas ao nosso redor. Contudo, essa validação é momentânea e superficial, não refletindo quem realmente somos ou o que somos capazes de viver e conquistar.
Em segundo, devemos buscar em Deus a nossa identidade e nosso valor, porque é Ele quem nos criou e conhece profundamente. Deus não nos define pelas circunstâncias ou pela quantidade de aprovação que recebemos, mas pelo Seu amor imensurável e pela Obra Redentora de Cristo na cruz do calvário. Nossa identidade não pode depender do que o mundo diz que devemos ser, mas sim do que Deus já declarou sobre nós: amados, escolhidos e criados com um propósito único.
Por fim, sejamos autênticos, tanto nas redes sociais quanto fora delas, vivendo de acordo com os nossos valores e princípios, e se você é cristão como eu, vivendo vidas que reflitam o Evangelho de Cristo, sabendo que nossa vida é preciosa para Deus, não por causa da imagem que projetamos, mas por causa do amor que Ele tem por nós.
A verdadeira felicidade e realização vêm de um coração alinhado com Deus, e não com as expectativas que o mundo tenta nos impor. Que possamos ser fiéis a quem somos, vivendo com propósito e autenticidade em todos os aspectos de nossas vidas, sabendo que o valor que temos é eterno, baseado no amor e na graça de Deus, e não nas opiniões das pessoas.
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