Carlos Faria, do Blog Geocrusoe:
Primeiro estamos perante uma senhora que é uma bem-aventurada pelo bem que praticou na sua vida, a ela podia parecer uma vida normal sem nada para contar, mas, de facto, foi alguém que fez da sua profissão e vida uma dádiva ao seu próximo.
No começo da obra parece que diversos factos surgem como que intervencionados por uma força superior de modo a ela encontrar a sua verdadeira vocação e profissão, o que não lhe era claro na profissão, mas depois de encontrar o seu caminho, através dele dedicou-se integralmente aos seus familiares e ao próximo e esta era a sua vocação.
É uma obra com uma narrativa cujo estilo é semelhante ao de um livro de uma pessoa conhecida que me pediu para escrever o prefácio de um dela e para o apresentar publicamente no ano passado, onde ela falava dos seus pais que tiveram 15 filhos e fizeram disto a sua missão com orgulho.
Em ambas obras se mostra a realidade da terra onde vivem os protagonistas, os problemas quotidianos são descritos sem preconceitos de uma forma simples e existem momentos que despertam grande emoção e também bom humor, mas enquanto no outro livro a missão é caseira, Maria Gherard é uma dádiva aberta a todos com uma fé e uma força inabalável perante as dificuldades.
Verifiquei que a senhora ainda está com uma lucidez e memória rara para quem já ultrapassou os 90 anos e, apesar de a Kelly ser evangélica, vejo que convive muito bem com crentes do catolicismo e supera isso magistralmente no livro, sem qualquer passagem em que nesta transpareça alguma divergência de credo, o que é impressionante por não ser comum em muitos crentes que tendem a ser intolerantes com particularidades das outras religiões.
A Kelly não procurou fazer uma obra literária poética, mas sim um retrato desta heroína, pois o autor do livro desaparece da obra e dá total foco à personagem retratada e que grande personagem a Kelly retratou.
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