Com saudades de usar as palavras, fui instigada a escrever sobre quem amo. Ela faz parte do meu mundo muito antes de eu nascer e sempre acreditou em mim, até quando muitos já davam o caso por perdido. Estou a falar da minha Maria, a minha avó. A vida tem nos levado a estar cada vez mais próximas, mais unidas. Ela carrega a sabedoria de anos e que o próprio Deus lhe dá, marcas de uma vida de luta e de suaves vitórias. E eu carrego a força e a determinação que herdei dela e da minha mãe, e que o próprio Deus me dá.

Eu, Ana, tenho 25 anos. Maria, a minha avó, tem 80. E viver com uma senhora completamente diferente de mim (em tudo) tem sido das maiores aventuras da minha vida. Não me lembro da minha infância sem um único episódio em que ela não estivesse presente e, após alguns infortúnios ao longo da vida, temos nos tornado mais presentes na vida uma da outra. Não apenas como duas conhecidas que moram na mesma casa, mas como duas amigas, duas confidentes. Como mulheres que têm a mesma fé e a partilham uma com a outra – pois temos convicção que ambas podemos sempre aprender juntas.

Quando olho para nós é impossível não me lembrar de Noemi e Rute. Creio que todos já sabem de cor e salteado a decisão que Rute tomou. Ficou com Noemi – sua sogra – sem saber o que lhe esperava, assumindo um compromisso de ir para onde quer que ela fosse e que teria o mesmo Deus. Rute, para mim, além de ser uma mulher decidida e corajosa, é uma mulher de palavra. Pois aquilo que ela disse não o disse por mera emoção, mas cumpriu!

Talvez a minha decisão não tenha sido demasiado drástica. Mas, a verdade é que sempre me esforcei para ser sensível à voz de Deus – no que diz respeito ao que Ele quer de mim – e saber honrar a minha avó, que é o maior exemplo de Mulher que conheço. E, Deus foi tão bom para comigo que sempre me conduziu a boas oportunidades que não me levassem para longe dela e que, ao mesmo tempo, não me impedissem de crescer naquilo que Ele tem para mim. No entanto, também eu tomei uma decisão e, por mais que às vezes haja dias cinzentos, não me arrependo. Sei que Deus conta comigo nesta nova jornada que a minha avó vive, e eu não quero perder nada do que Ele está a realizar na vida dela. Sou testemunha de que Deus redime histórias fracassadas e dolorosas, para contar uma história de esperança e apontar para um futuro.

Por isso, ainda que por vezes a minha vida pareça muito normal e que não tenho grande impacto na sociedade… a verdade é que cuidar de uma senhora de 80 anos também é trabalho e Deus sabe reconhecê-lo. Contudo, apesar de todos os momentos e boas memórias que vão sendo criadas, não vou mentir: envolve renúncia da minha parte, de alguém de 25 anos que tem muito para viver, mas escolhe ficar com quem já deu do seu tempo e dedicação há anos atrás (e que ainda hoje o faz). Porém, vale a pena! Porque com ela eu tenho ouvido, nitidamente, Deus dizer-me: «ela faz parte da tua missão.»

Queres um conselho? Honra os teus. Não esperes por reconhecimento de outros, fá-lo com amor e dedicação e verás os frutos de tudo isso. Lembra-te: por mais que te esforces e te preocupes, ninguém cuida melhor dos teus do que o próprio Deus. E Ele cuida de ti, em tudo.

Deus redime histórias fracassadas e dolorosas, para contar uma história de esperança e apontar para um futuro.

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