O Castelo Animado de Diana Wynne Jones
O Castelo Animado de Diana Wynne Jones

O Castelo Animado de Diana Wynne Jones

Sophie sempre acreditara que era tão determinada quanto Lettie. Agora descobria que havia algumas coisas que ela só podia fazer quando não houvesse mais desculpas.

O Castelo Animado de Diana Wynne Jones foi o primeiro livro que veio a minha mente quando surgiu a ideia de fazer o Especial do Mês das Crianças aqui no blog – inclusive obrigada Rudi pela ideia. Li ele em 2017 e fiquei completamente encantada. Me admira muito que, obra e autora, não sejam mais conhecidas no Brasil. Esse post então, na verdade é uma republicação das minhas impressões de leitura lá de 2017 do tempo do blogger com algumas alterações 😀

O Castelo Animado, é um livro de fantasia, um conto de fadas meio ao avesso. Conta a história de Sophie Hatter a mais velha de três irmãs, que após a morte do pai fica confinada ao trabalho na chapelaria da família, onde um dia sem mais nem menos a chamada Bruxa das Terras Desoladas aparece e a transforma numa velha.

– Não se preocupe, sua velha – disse Sophie para o rosto – Você parece ter bastante saúde.

A partir daí essa “jovem velha” inicia uma jornada que a leva direto para o fantástico castelo de Holw, onde a grande aventura começa!

Como disse, achei a história encantadora, bem escrita e principalmente inteligente. A autora não subestimou a capacidade do público infantil de entender uma história engenhosa. O resultado é um trabalho brilhante, que atrai até os adultos.

Imagem animação japonesa dirigida por Hayao Miyazaki em 2004

Um ponto bem interessante também, é o humor criativo da autora. Em vários momentos em meio a uma situação séria ou triste, aparece nos diálogos ou em um comentário do narrador – que é onisciente em terceira pessoa – uma ironia leve. Chamo de humor criativo, pois muda totalmente o ponto de vista do leitor sobre aquela cena que deveria ser dramática, mas que acaba passando um aprendizado engraçado. Lembrou-me inclusive, do jogo do contente da menina Pollyanna, no clássico de Eleanor H. Porter.

Já destaquei um desses momentos no quote acima, que é quando Sophie se olha no espelho e percebe que está velha: ao invés de entrar em desespero ela se alegra de ter saúde. Veja outros:

Lia muito e logo se deu conta de que tinha pouca chance de um futuro interessante. Para ela isso foi uma decepção, mas mesmo assim continuou feliz, cuidando das irmãs e preparando…

– Eu nunca tinha me dado conta do que as pessoas idosas têm de suportar! – ofegou, subindo a estrada com dificuldade. – Mas não acredito que um lobo vá me comer. Eu devo estar muito seca e dura. Isso já é um conforto.

Levando-se em consideração o público alvo da obra (infanto-juvenil), um ponto negativo talvez, seria a personificação do mal em figuras de bruxas e magos muito presente; porém analisando o contexto geral do enredo, creio ser esta de caráter imaginativo como em “Crônicas de Nárnia de C.S.Lewis”, e não apelativo. Todavia, é importante citar que “O castelo animado” inspirou uma famosa animação japonesa dirigida por Hayao Miyazaki em 2004. Que não assisti, mas ouvi comentários que apesar de boa, não é uma adaptação fiel ao livro, e pelo trailer tive a impressão que a personificação do mal ali foi mais além.

E para terminar, um pouco sobre a autora: Diana, nasceu em 1934 em Londres, Inglaterra; e morreu em 2011. Escreveu livros no gênero fantasia para crianças e adultos e alguns livros de não ficção. Cursou inglês na Universidade de Oxford, onde teve aulas com C.S.Lewis e J.R.R.Tolkien 😮 A sua obra total soma mais de 40 livros, porém a maioria ainda não foi traduzida para o português.

Livro: O CASTELO ANIMADO, 1986
Autora: Diana Wynne Jones (1934-2011)
Editora: Galera, 2007
Páginas 318
★★★★★

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4 comentários

  1. Kelly!!!!
    Tenho esse livro no kindle há muito tempo e nada de ler, taí uma boa oportunidade, vou lê-lo também, achei que esse mês seria mais tranquilo mas a correria continua haha.
    Felizmente estou conseguindo fazer postagens todos os dias e tenho lido bastante (praticamente nada que coloquei nas metas, mas enfim…), terminei um hoje que tem bastante isso de amenizar momentos tensos com tiradas espirituosas, mas é um livro que eu jamais leria para meu filho haha
    Para o resto do mês quero ler O Cerne da Questão, do Graham Greene, não é infantil mas quero ler, a biografia do Maurício de Sousa e, se sobrar tempo, quero ler esse também

    1. Oi Rudi!
      Eu estou gostando muito da experiência desse mês. Estou com uma leitura infanto-juvenil arrastada, talvez um mês seja muito hahaha Até comecei reler um calhamaço adulto – acho que é o efeito rebot kkk

      Mas enfim, acho que vou conseguir cumprir com as postagens.

      Você está de parabéns, seu blog mais do que em dia 🙂

      Engraçado você citar esse autor Graham Greene, estou atrás dos livros dele já faz um tempo.

  2. Boa noite!
    Gosto muito desse livro, e ele foi um dos meus favoritos quando menor. Sophie é uma personagem incrível, principalmente por não seguir o ideal de mulher que a maioria dos novos livros trazem. As sacadas da Jones mostram que ela via através da aparente perfeição e alegria da vida alheia, e isso é espelhado através dos personagens.
    A adaptação do Miyazaki toma um caminho completamente diferente. Eu diria que a ‘personificação do mal’ na verdade é mínima no filme, pois ao contrário do livro, todos encontram redenção. Isso sem contar também que é muito complicado trabalhar por esse ponto de vista porque até mesmo as dinâmicas entre os feiticeiros e bruxas é diferente.
    Enfim, gostei da resenha!

    1. Oi Louise, obrigada pelo comentário!
      Ótima consideração sobre o olhar incrível de Diana, quero até reler o livro para prestar mais atenção nisso.

      Então, acabei não assistindo a adaptação e pretendo não fazê-lo para não estragar as imagens criadas na minha mente durante a leitura. Mas é bom saber das diferenças entre livro e filme.

      Você leu a continuação? A série?

      Abs.

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