TERMINEI DE LER ESDRAS ONTEM. Que eu me lembre nunca o tinha lido integralmente antes. O que é estranho, pois já li Neemias, que possui o mesmo contexto histórico e é até dito por alguns como uma espécie de Esdras II várias vezes.
O livro retrata o período pós exílio do povo judeu. Após setenta anos de cativeiro babilônico, os judeus foram liberados pelo rei Ciro para voltar à Jerusalém e reconstruir no seu lugar original o templo dedicado ao Senhor. Esdras, o escriba que provavelmente escreveu o livro que carrega seu nome, narra a chegada de algumas dessas famílias e os episódios que se deram no início da reconstrução do templo.
O pós exílio do povo judeu é meio assombreado para mim ainda. Aliás, não sei muito a respeito do próprio cativeiro, a não ser as profecias de Jeremias e de outros profetas; e as histórias acontecidas durante o exílio como as de Daniel e Ester. Então digamos que há muita sombra sobre o decorrer e o pós-exílio que preciso desvanecer. Mas a coisa não é tão simples, a própria ordem não cronológica da organização dos livros das traduções bíblicas tradicionais representa uma dificuldade a esse propósito. Veja, Esdras abre seu livro dizendo “… o Senhor cumpriu a profecia que havia anunciado por meio de Jeremias.” E o livro de Jeremias que traz essa profecia está 8 livros para frente. Creio não ser só eu a fazer uma certa confusão.
São inspiradas!
Esdras é bem gráfico, enquanto se lê é possível ver as cenas do povo frente ao templo destruído de Jerusalém ou o próprio escriba Esdras com as roupas rasgadas, ajoelhado, com a fronte ao chão. A leitura fluiu rápido por causa disso, mas não deixou de sofrer pausas obrigatórias devido às reflexões que provocou. Na verdade, não importa qual parte da Escritura esteja se lendo, é incrível a força das frases e parágrafos.
São inspiradas, outra coisa não se pode dizer dessas palavras escritas há tanto tempo em um contexto tão distante, para um povo tão diferente… mas que é viva e eficaz, mais penetrante do que uma espada, que em um só golpe trouxe à tona os pensamentos e intenções do meu coração.¹
Há duas passagens que marcaram essa minha leitura. A primeira no capítulo três versículo 12 e 13, que narra a reação do povo ao ver que os alicerces do templo haviam sido colocados. Gritos. Os velhos choravam alto por terem assistido a destruição do antigo templo e terem sobrevivido a tudo aquilo. Gritos. Os jovens vibravam de alegria pelo início de um novo tempo. Alegria e tristeza num só evento, num só momento.
Os gritos alegres e o choro se misturavam num barulho tão forte que se podia ouvir de muito longe. (Esdras 3:13)
A segunda é quando Esdras conta que estava partindo da Babilônia com vários exilados conforme a ordem do rei, levando consigo ouro, prata e muitos utensílios de valor de volta à Jerusalém. E ele confessa no versículo 22 do capítulo oito que teve vergonha de pedir ao rei soldados e cavaleiros para os acompanhar e protegê-los no caminho que era com certeza muito perigoso.
Fiquei pensando sobre isso. Aqueles homens oraram e jejuaram pedindo auxílio de Deus ao invés de procurar a ajuda do rei que já parecera favorável a eles. Uma decisão muito difícil que revela uma grande fé coletiva, já que a própria vida deles estava em risco. Verdadeira prova de fogo.
Assim, jejuamos e pedimos com fervor que nosso Deus cuidasse de nós, e ele atendeu à nossa oração. (Esdras 8:23)
¹Paragrafo baseado em Hebreus 4:12 Tradução bíblica utilizada: NVT – Nova Versão Transformadora
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