Na pele de Uma Jihadista de Anna Erelle
Na pele de Uma Jihadista de Anna Erelle

Na pele de Uma Jihadista de Anna Erelle

Na pele de Uma Jihadista, foi publicado no Brasil em 2015 pela editora Paralela. A autora é uma jornalista francesa sob o pseudônimo “Anna Erelle”; que trabalhou durante muitos anos acompanhando os movimentos do Islã radical, estudando principalmente o fenômeno que vêm acontecendo na Europa: o alistamento de jovens ocidentais nos exércitos islâmicos. 

Examinando especificamente os hábitos desses jihadistas europeus do EI (Estado Islâmico) ela tentou compreender o que faz esses jovens se apropriarem dessa causa e abandonarem seu país, família, conforto… tudo para ir matar e desafiar a morte. 

“…o termo “jihadista” tem sido usado por acadêmicos ocidentais desde os anos 1990, e mais frequentemente desde os ataques de 11 de setembro de 2001, como uma maneira de distinguir entre os muçulmanos sunitas não violentos e os violentos. Os jihadistas são os violentos.”¹

Anna descreve como conseguiu informações importantes, inclusive com os próprios familiares desses jovens, mas enfrentava sérias dificuldades para publicar seus artigos, pois havia sempre muitas ameaças e perigos que envolviam terceiros. E já meio frustrada com isso e meio ao acaso (pelo menos é o que ela diz), através de um perfil alternativo [falso] no Facebook chamado “Mélodie” ela entra em contato com “Abu Bilel” um perigoso terrorista do EI, se passando por uma jovem francesa de 20 anos recém convertida ao Islã. O terrorista já no primeiro contato com “Mélodie” começa assedia-la a largar tudo e ir para a Síria. Ela por trás daquele perfil falso se depara então, com uma oportunidade única de investigar esse fenômeno mais de perto e decidi ir adiante nessas conversas com Abu Bilel. Do Facebook eles passam para conversas em vídeo pelo Skype, e ela conta como para resguardar-se chega a usar um hijab (conjunto de vestimentas da doutrina islâmica) nessas conversas.

Juntamente com outro jornalista, ela filma e documenta todo o contato com Abu Bilel, na intenção de publicar um super artigo em um dos jornais em que trabalhava.

Um hijab” só revela o contorno do rosto sem deixar aparecer uma mecha sequer de cabelo.²

O livro retrata como as redes sociais – principalmente Youtube, Facebook e Skype – se tornaram as armas preferidas do Daesh (acrônimo árabe para a Organização Estado Islâmico). Veja o comentário de Anna sobre isso:

“… a organização terrorista opera usando sua arma de guerra favorita: a propaganda digital. A imagem antiquada dos talibãs vivendo como ermitões nas grutas afegãs limitava, até então, as vocações. Já a comunicação dos novos soldados 2.0 do jihad acerta o alvo. Inundando o Youtube com vídeos ultraviolentos, o Estado Islâmico impressiona milhares de ocidentais lobotomizados pela velocidade de ação e execução de suas ameaças. […] Ávidos de reconhecimento, a maioria vai para a linha de frente com a ambição de postar na internet um foto sua de uniforme de soldado. Lá, terão uma importância inequívoca e ainda por cima o direito de exibi-la no Twitter ou no Facebook. Esses garotos tornam incrivelmente acertada e premonitória a célebre frase pronunciada em 1968 por Andy Warhol: “No futuro, todos terão direito a quinze minutos de fama mundial.”

Acompanhamos a história de “Mélodie” desde o início das conversas pelas redes sociais até o ponto em que ela marca o dia de ir para Síria encontrar-se com o terrorista. Se ela chega a ir ou não, você vai ter que ler pra saber 🤷🏻‍♀️

O assunto em si é muito interessante. O livro tem muitas informações a respeito de como funciona o recrutamento de jovens pelo EI, dos costumes dos jihadistas, da religião Islã, dos combates na Síria etc. A narrativa da jornalista é muito fluída, apesar de certas descrições da vida pessoal que achei totalmente desnecessárias e cansativas.

Recomendo para quem não sabe muito sobre o EI, mas tem interesse no assunto. Fiquei com vontade de ler mais sobre o tema, se você tiver alguma indicação de livro deixe nos comentários.


+INFO Livro: Na pele de Uma Jihadista: a história real de uma jornalista recrutada pelo Estado Islâmico | Autor: Anna Erelle | Editora Paralela, 2015 | Páginas: 208 | Amazon, Estante Virtual

★★★★☆


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